A Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer), órgão ligado à OMS (Organização Mundial da Saúde), anunciou, na última sexta-feira (3) uma nova classificação sobre o uso do talco, agora considerado potencialmente cancerígeno para humanos. A avaliação foi publicada recentemente na revista científica The Lancet Oncology, e os detalhes completos estarão no Volume 136 das Monografias da Iarc, previsto para 2025.
O talco, mineral amplamente utilizado em cosméticos, pós para o corpo e outros produtos de consumo, foi classificado pela Iarc no Grupo 2A, que indica que a substância é provavelmente carcinogênica para humanos. A decisão se baseou em evidências limitadas de câncer de ovário em mulheres que relataram o uso de talco na região perineal, bem como em evidências suficientes de câncer em animais experimentais e fortes evidências mecanísticas (comportamento e efeitos biológicos de um composto em sistemas experimentais).
Especialistas apontaram que o aumento da incidência de câncer de ovário foi observado em vários estudos epidemiológicos. No entanto, a possibilidade de contaminação do talco com amianto, uma substância já reconhecidamente carcinogênica, não pôde ser descartada, o que levanta preocupações adicionais sobre a segurança do uso do talco em produtos de consumo.
Além disso, a Iarc destacou que a exposição ao talco pode ocorrer durante a mineração e processamento do mineral, bem como durante a produção de produtos que contenham talco. A agência reforçou a necessidade de cautela e mais pesquisas para avaliar completamente os riscos associados ao uso de talco.
Essa nova avaliação substitui as classificações anteriores da Iarc sobre o “talco não contendo amianto ou fibras asbestiformes” e o “uso perineal de pó corporal à base de talco”, que já haviam indicado uma possível ligação com o câncer, mas com menor grau de certeza.
A entidade alega que a comunidade científica e as indústrias que utilizam talco deverão observar atentamente essas novas diretrizes, enquanto consumidores são aconselhados a ficar atentos às possíveis implicações para a saúde relacionadas ao uso de produtos contendo talco.
Muitos fabricantes adotaram, nos últimos anos, fórmulas que utilizam amido de milho. Segundo a Sociedade Americana de Câncer, não há qualquer evidência de que essas versões de talco causem câncer.
Controvérsias
As classificações da Iarc são sempre envoltas em polêmicas no meio acadêmico. No ano passado, a agência incluiu o aspartame, um dos adoçantes mais utilizados no mundo, na lista de substâncias possivelmente cancerígenas.
A agência, porém, não levou em conta a quantidade de aspartame e que teria que ser consumida para existir o risco aumentado de câncer, que seria de 12 a 36 latas de refrigerante diet por dia, no caso de um adulto de 60 kg.
A Iarc é criticada por muitos especialistas por causar preocupações desnecessárias na população com suas decisões. O órgão já havia listado o trabalho noturno, o consumo de carne vermelha e o uso de telefones celulares como potenciais causadores de câncer.
Fonte: R7