MG, ES, RJ e SC decretaram situação de emergência devido à grande quantidade de pessoas infectadas pelo Aedes aegypt, transmissor da doença
Os governadores dos sete estados do Sul e do Sudeste divulgaram uma carta conjunta em que cobram do governo federal “maior celeridade no desenvolvimento e na produção de vacinas” contra a dengue e “atualização dos critérios de distribuição de recursos federais”.
O documento foi divulgado durante o encerramento do 10º encontro do Consórcio Integrado do Sul e Sudeste (Cosud), que começou quinta-feira (29) e acabou sábado (2), em Porto Alegre (RS).
O grupo foi criado no ano passado. Juntos, os sete estados têm 114 milhões de habitantes, metade da população do país, conforme enfatizado pelos autores da carta.
Os governadores ressaltam ainda que Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina decretaram situação de emergência devido à grande quantidade de pessoas infectadas pelo Aedes aegypt, transmissor da dengue.
“Dado que a epidemia acomete neste momento particularmente o Sul e o Sudeste, contrariando a série histórica, os estados dessas duas regiões advogam pela atualização dos critérios de distribuição de recursos federais para a realidade atual”, diz trecho do documento.
“Deve ser enfatizada a premência de maior celeridade no desenvolvimento e na produção de vacinas e, ainda, uma distribuição que, a um só tempo, seja ágil e atenda a critérios transparentes e pactuados com os entes da federação”, completa.
Brasil registra mais de 1 milhão de casos em 2024
Na última sexta-feira (1º), o Brasil atingiu a marca de 1.038.475 casos de dengue no ano, entre prováveis e confirmados. Oficialmente, são 258 mortes causadas pela doença em todo o país. Estão em investigação 651 óbitos suspeitos. O número de casos resulta na proporção (coeficiente de incidência) de 511,4 /100 mil habitantes.
O Distrito Federal tem o pior cenário, em números absolutos e proporcionais. Com 3 milhões de habitantes, registrou 77 mortes por dengue em 2024, segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde na sexta-feira. Até então, eram 102.757 casos prováveis da doença. Com uma população sete vezes maior, Minas Gerais, que tem o segundo maior número de mortes, anotou 37 vítimas.
Ministra admite falta vacina, e aposta em imunizante nacional
Até o momento, por causa da baixa quantidade de vacinas disponíveis – o imunizante é novo –, o Ministério da Saúde só liberou doses para vacinação de crianças de 10 e 11 anos na rede pública. Essa faixa etária concentra o maior número de hospitalizações por dengue. Clínicas particulares oferecem vacinas, pagas, mas também enfrentam a falta de doses.
No sábado (2), durante evento do Dia D de combate à dengue, no Espíriro Santo, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, falou sobre a necessidade de mais vacinas para todo o país. Ela alegou que, diante da limitação de produção do laboratório japonês fabricante da Qdenga, a alternativa para aumento da oferta do imunizante é a produção nacional
“Recebemos uma oferta pequena, compramos todo o estoque possível do laboratório produtor. E estamos em um trabalho para que laboratórios brasileiros, sob a liderança da Fundação Oswaldo Cruz, possam produzir a vacina no Brasil. Mas isso não é uma solução imediata”, ponderou a ministra.
Diante da situação, ela ressaltou que o foco deve ser combater os focos de mosquito transmissor aliado ao trabalho dos agentes de saúde dos sistemas estaduais e municipais de saúde para impedir o avanço da dengue e que vidas sejam perdidas.
A ministra também garantiu que o governo federal já comprou testes rápidos para diagnóstico precoce da doença, a partir do primeiro dia de sintomas e ajuda na diferenciação da fase aguda e tardia da dengue.
O Tempo